Ricardo Nascimento
Fotografia, do grego, significa “desenhar com luz e contraste”. Ainda gera polemica ao ser considerada uma forma de arte, pois pode ser produzida e reproduzida facilmente. É aí que entra o papel de quem registra. Para uma foto ser considerada arte precisa ter mais do que um simples congelamento de uma imagem. Ela precisa de alma. Precisa ter a capacidade de transmitir um sentimento, seja esse de alegria ou tristeza. Ou ainda ter o poder de gerar uma reflexão. Um fotografo precisa ter essa habilidade. Precisa ter a sensibilidade de captar o momento e, através desse registro fixado no tempo, falar.
A fotografia sempre me interessou. Através dos estudos e pesquisa aprendi a fazer os registros e então iniciei minha caminhada como fotógrafo na área de propaganda, mas sempre querendo ingressar na fotografia social, especificamente casamentos.
Eu vejo a fotografia de casamentos como uma grande escola, nas suas técnicas e no relacionamento com os clientes. Aprendemos mais a cada trabalho através da prática, das dificuldades e novas ideias. Aprendemos mais ao mergulhar no universo de cada momento, ao entrar e buscar entender aquele sonho. Esse é meu jeito de trabalhar. Não sou fotógrafo de impor um estilo. Acredito que devemos conversar para entender o desejo de cada um e então criarmos um trabalho que irá aproximar o que vecê quer à identidade dos meus registros. E é isso que eu gosto, essa troca entre mim e as pessoas. Passamos um ou até dois anos inteiros planejando e construindo aquele momento único, que acontece e acaba em uma noite. Como eternizar esse momento de tamanha beleza na vida de um par? Imagens. As fotos daquele momento traduz todo o significado e então, pra sempre, estará registrado. Por isso sei da minha grande responsabilidade. Antes de cada evento, me preparo ouvindo uma boa música, assistindo um bom filme, para que minha mente e corpo estejam inspirados para aquele momento. Isso faz com que eu queira sempre aprender mais, aproveitando as oportunidades diárias de aprendizado. Estou sempre buscando a superação. Faço isso através das vivências e estudo, aumentando assim meu conhecimento e é esse conhecimento que faz com que possamos melhorar.
Para mim, fotografar casamentos é mais do que minha fonte de renda. É minha fonte de vida. Sinto um imenso prazer em poder trabalhar com esse momento único, pois me dediquei e acreditei que esse seria meu caminho.
Fotografando casamentos, passei a entender mais sobre a vida, pois nos deparamos a cada contrato com novas famílias, costumes, vontades, ideias, culturas e características diferentes fazendo dessa uma troca muito rica, que resulta em um registro único.
Hoje tenho autonomia nesse processo. Sei da reposabilidade e confiança que é dopositada no meu trabalho.
O casamento me encanta. É algo fascinante, pois é composto de momentos únicos. Não podemos errar. Não temos como repetir a cena de uma noiva entrando, a cena da entrega das alianças ou do primeiro beijo do casal. Isso faz com que eu trabalhe minha mente. O desafio do momento age como um combustível. Tenho que pensar antes das cenas acontecerem. Isso é um dos motivos que tanto gosto do casamento, pois permite que estejamos sempre nos renovando. É desafiador não poder errar. É desafiador lidar com pessoas. Gosto de estar no meio daquele momento, seja no make, na cerimônia, na recepção. Gosto de fazer parte. Por mais que eu tenha o contrato até determinada hora, sempre fico mais. Há sempre mais algum momento pra registrar.
É necessário ter paixão pelo que se faz. É necessário acreditar no seu trabalho. Se precisa identificar-se com aquilo, sentir-se à vontade. Assim se torna possível ver verdade no resultado e então as imagens vão realmente transmitir todos os sentimentos que envolvem um casamento. Assim se torna possível contar aquela história, através do tempo. Não me vejo fazendo outra coisa. Minha trajetória se baseia em um sonho que eu planejei, estudei, batalhei e alcancei. Posso dizer que amo o que faço e isso reflete nos resultados do meu trabalho.
“O talento desenvolve-se no amor que pomos no que fazemos. Talvez até a essência da arte seja o amor pelo que se faz, o amor pelo próprio trabalho.” Máximo Gorki